Porque o Vale do Paraíba do Sul?

O Vale, com cerca de 200 km de extensão, com largura média de 20 km., está encravado entre a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira. Há cerca de uma década o Grupo Votorantim iniciou o plantio de eucalipto que hoje atinge uma área de mais de 35 mil hectares. O Vale é hoje a região mais habitada do interior do país, com dezenas de cidades de médio e grande porte e importantes parques industriais. Também há cerca de uma década foi criado o primeiro corredor ecológico da Serra da Mantiqueira envolvendo os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, abrangendo áreas de 38 municípios, e tendo no seu centro o mais antigo parque florestal, que é o Parque de Itatiaia.

Neste ano foi criado o Corredor Ecológico do Vale do Paraíba, cujo projeto é o reflorestamento de 115 mil hectares ligando a Serra do Mar à Serra da Mantiqueira pelo Vale do Paraíba. Além dos interesses econômicos da reflorestadora do Grupo Votorantim os interesses preservacionistas que envolvem os governos federal, estaduais e municipais, criam o cenário ideal para a implantação desse projeto que visa o combate aéreo de incêndios florestais e, ao mesmo tempo, o reflorestamento, também aéreo, com sementes da biodiversidade da mata atlântica em áreas contínuas.
As dezenas de aeroportos e pistas de pouso ao longo do Vale dão uma mobilidade impar às ações necessárias ao combate bem sucedido de incêndios ocasionais, comuns em áreas tão densamente habitadas e de difícil acesso, risco este agravado pelas características geradas pelo plantio de eucalipto de forma continua e adensada.
O interesse dos múltiplos órgãos governamentais, juntamente com empresas privadas instaladas ao longo da área, facilita a implantação e manutenção do projeto.
O Brasil, apesar de sua imensa área territorial, está desprovido de equipes e equipamentos voltados a esse tipo de tarefa, diferentemente de diversos outros países, inclusive da América Latina. Apenas o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais possui 3 aeronaves agrícolas de fabricação nacional adaptadas para este fim.
Outra iniciativa é da Embraer, em sua fabrica de Botucatu, que há alguns anos vem formando pilotos especializados em combate aéreo a incêndios – hoje são 75 pilotos habilitados para essa tarefa.
Esses pilotos, que pela falta de estrutura continuam trabalhando, em sua maioria, em pulverização agrícola; um grupo de 8 desses pilotos fazem parte desse projeto e desde já colaboram com a elaboração e encaminhamento do mesmo.
Como os aparelhos são aviões agrícolas adaptados para o combate a incêndio, nas épocas de chuva, quando a ocorrência de incêndios é praticamente nula, os aviões poderão se deslocar para qualquer área do território nacional, individualmente ou em grupo, para tarefas de recuperação florestal em áreas degradadas de forma contínua. Para tanto utiliza-se a técnica de paletização das sementes, método desenvolvido pelo IPT e aplicado com sucesso absoluto na serra do mar em área degradada pela poluição industrial de Cubatão.
Essas ações de recuperação de matas ciliares e áreas degradadas, a cada ano mais comuns em território nacional, se tornarão muito mais ágeis e econômicas com a aplicação deste método.